Como Presidente do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados, jamais imaginei que me veria no centro de um processo disciplinar tão absurdo quanto incompreensível, que parece saído diretamente das páginas de Franz Kafka.
É desconcertante perceber como a vida, por vezes, não apenas reflete a ficção, mas a ultrapassa em absurdo e complexidade.
As acusações, nebulosas e mutáveis, parecem desafiar qualquer defesa racional.
Manter a integridade e a sanidade face ao aparente absurdo das situações é sempre o desafio para todos nós durante as inúmeras situações com que nos deparamos nas nossas vidas.
Mas, como Josef K., devemos sempre persistir na busca pela verdade e pela justiça, mesmo quando o caminho parece obscuro e sem sentido.
Para encerrar, deixo-vos com uma citação de “O Processo”:
“Mas eu não sou culpado, é um erro. Como pode um ser humano ser culpado? Somos todos seres humanos aqui, um como o outro.”
No final, somos todos Josef K., sujeitos às mesmas fragilidades e injustiças, vulneráveis às arbitrariedades de sistemas que nós mesmos criamos.
E é nessa humanidade compartilhada que deveremos sempre encontrar força para continuar a lutar.